14 de jun. de 2011

Iniciando em Desenvolvimento de Jogos - Parte 1

A maior duvida de quem quer desenvolver games é começar. Esta pergunta sempre aparece nos fóruns de discussão e nos emails, já que ninguém nasce sabendo. Só que o problema é que o usuário nem procura informações na internet sobre isso, e já coloca uma pergunta básica num tópico: o que eu devo fazer? Como começar a criar games?
Sei que este post é, em parte, caça-paráquedistas do Google, mas também decidi criar o mesmo para ajudar o desenvolvedor iniciante a seguir por este caminho tortuoso e difícil. Mas antes de mais nada eu vou ser cruel no parágrafo abaixo e dizer a verdade. O problema é que o usuário tem um mito e quer tentar fazer igual.
Quero criar o próximo Need For Speed ou um MMORPG!

Uma coisa que dá para perceber é que todo mundo que quer desenvolver games já teve contato com videogames. É impossível você encontrar alguém que trabalha na área e nunca jogou algum game na vida (e se não jogou antes, acabou jogando depois). Afinal, quem gosta de games gostaria de ganhar dinheiro com isso. Unir o útil ao agradável. Mas não é tão simples assim.

A maioria dos iniciantes acham que vão criar um game altamente complexo do dia pra noite. Acham que vão criar o próximo Need ou Wining Eleven, que são games que, pode não parecer, foram difíceis de desenvolver. E foram feitos por equipes.

Sim, estamos falando de estruturas organizacionais complexas, com regras e tempo diário para desenvolver. O famoso serviço, trampo, trabalho, etc. A ralação do dia a dia. Um game do nível de God of War foi feito por muita gente, e cada um teve a sua função específica nesse mundo. Alguns ficaram só pros cenários (os templos, casas…), outros só pra desenhar o Kratos (o personagem que você controla) e outros só pra ficar fazendo contas de inteligência artificial (faça o inimigo ir até o jogador, se desviando de qualquer obstáculo, e faça o hominho atacar o Kratos usando as seguintes regras…), com contas altamente difíceis de criar e além do nível de um estudante comum de ensino médio.
E ainda temos a programação do jogo (o item x está no local x e aciona x comandos quando o jogador, ao apertar o botão Y, acessa este ítem. E pode acontecer isso, isso e isso posteriormente…), que também foi feito por pessoas específicas. Todas elas são comandadas por game designers, que são aqueles que planejam o seu jogo e gerenciam o desenvolvimento do jogo.
Acredite: você não vai conseguir, logo de cara, fazer um game deste nível. Fora que certos games se arrastam por anos e anos. Um Metal Gear Solid 4 está sendo feito por 200 pessoas. O Spore está sendo feito há quase 7 anos!
Se eu, que não estou mais fazendo faculdade, não to com tempo, você também pode não ter. Ah, mas eu só estudo cedo e fico o resto do dia morgando. OK, mas vamos ver: você deve ter escola, e com isso tem que estudar as matérias da escola. Se você está no ensino médio tem o lance do vestibular.
Você pode estar trabalhando e fazendo faculdade. Ou você pode ter um filho e tem que cuidar dele. E aí você pode não ter tanto tempo assim, e nem recursos, como um computador decente para rodar certos programas.
Outro fator se chama mãe e pai. Você já chegou a dizer pra eles a sua vontade em desenvolver jogos? Em fazer uma faculdade relacionada? Acredito que a maioria dos pais devem ter ficado incrédulos e terem dito: que coisa ridícula. isso não dá dinheiro! Você tem que fazer algo que dê dinheiro e um emprego decente e honesto no futuro, como um advogado, médico, etc etc etc. Ou mesmo os seus pais podem não gostar do videogame, soltando algo como: você fica o dia inteiro jogando! Vá fazer o dever de casa!
Fora as notas baixas na escola, já que você prefere jogar do que estudar. OK, a decisão é sua, mas você acaba sendo prejudicado. Videogame é bom? É, mas jogue com moderação!
Acredito que todos que esteja lendo este post deve ter passado por situações de ter os pais contra o seu desejo por desenvolver jogos. Aí você tem de apelar: procure na internet o faturamento do setor de games, e mostre aos seus pais. O segundo fator todos os pais se preocupam mais, depois dos filhos, é o dinheiro. A bufunfa! O money entrando na sua conta! Você tem que provar aos seus pais que esta área dá dinheiro, já que eles dificilmente financiariam um curso de gamedev para você se o mesmo não tiver retorno financeiro (é claro que existem exceções, mas…). Aí você, que pode não ter um emprego, terá de arrumar um e pagar a faculdade sozinho. Agora, se você tem o apoio dos pais, a situação muda, mas ainda assim os cursos atuais são caros e raros.

Isso se você tiver condições de investir nesta área e realmente levar a sério. Diferente de muitos que desenvolvem games como hobby para ganhar experiência e, se tiver sorte, conseguir entrar na área. Ou aqueles que já tem um emprego e só mexem com gamedev como um passatempo, por também gostar de games.


Voltando à complexidade de um game: desista de sonhar em criar agora um Need For Speed. Primeiro que você não tem o conhecimento necessário (afinal, se você já soubesse muita coisa você nem precisaria ler este texto) e segundo que qualquer área que você escolher você vai demorar muito tempo para aprender e dominar esta área. Eu, por exemplo, já programo profissionalmente há 3 anos e ainda me considero intermediário em programação (principalmente em Java). E ainda tenho muito caminho pela frente, já que eu sou brasileiro e não desisto nunca!


Por fim, você conseguiu o apoio dos pais para fazer um curso de gamedev ou mesmo decidiu fazer por conta própria sem pagar cursos e estudando pela internet. Então e hora de botar as mãos na massa, e vou falar um pouco sobre isso no próximo texto, respondendo a seguinte pergunta:
Que áreas envolve a criação de games e qual delas eu devo escolher?