16 de jun. de 2011

Desenvolvimento de Games no Brasil: Vale a pena?

É comum a dúvida sobre qual carreira seguir. Elas pairam entre ser desenvolvedor ou analista. Ser de infra ou de programação. Estudar JAVA ou Python. Programar para webmobile ou corporativo. Poucos, porém, apontam para o desenvolvimento de games como um caminho a ser seguido. 
Vale a pena investir uma carreira nesse mercado ainda em crescimento no Brasil?
Durante os dias 7, 8 e 9 de junho desse 2011 o mundo parou para dar uma olhada no que acontecia na E3, o maior evento de games do mundo. Acontecida esse ano em Los Angeles, EUA, a E3 é responsável por abrir espaço para as grandes empresas lançarem seus jogos, apresentarem novidades tecnológicas relacionadas a consoles e, melhor, fomentar o mercado de um dos quatro pilares do entretenimento massivo – os outros são cinema, música e literatura. Diante disso, não havia momento mais oportuno para falar sobre esse assunto.

AS DIFICULDADES
Ainda é complicado se dedicar exclusivamente ao desenvolvimento de jogos no Brasil. São poucas as empresas que investem na criação interna, apesar de produtoras estrangeiras já captarem alguns programadores daqui, vide o baixo custo na contratação desses profissionais.
As universidades e os cursos de Informática ainda tendem a preparar os aprendizes apenas para o que o mercado já dita como top. Desenvolvimento de sistema financeiro, fiscal, sites, dentre outros. Esse cenário dificultoso, porém, tende a melhorar nos próximos anos, pois já temos cinquenta e sete cursos de graduação e pós-graduação voltados para a programação de jogos. No total, até a metade de 2011, quarenta e cinco instituições tratam do tema. Esses dados foram apresentados por Emiliano de Castro durante o debate “O Mercado de Games e Aplicativos no Brasil”.
Pirataria
Infelizmente, ainda é um tópico que sempre aparece quando falamos sobre o mercado de jogos. Devido aos altos impostos tanto em software quanto em hardware, o Brasil ainda tem um grande (e bote grande nisso) índice de jogos piratas e consoles desbloqueados (justamente para aceitar esse tipo de mídia). Iniciativas como a do Jogo Justo, quando um dia é tirado para que jogos sejam vendidos oficialmente bem abaixo do preço normal, ainda não são suficientes. A pirataria parece ser um problema da cultura do brasileiro e não só governamental (impostos, fiscalização). O desenvolvimento interno poderia baratear o jogo e assim mais pessoas teriam acesso ao título original e não ao camelô da esquina? Não tenho como afirmar, ninguém tem, mas poderia ser um bom começo.
NEM TUDO É RUIM

Hoje, desenvolver um jogo não é mais tão complicado quanto antes. Com os diversos frameworks e bibliotecas de programação facilmente encontrados na web, qualquer desenvolvedor aprendiz ou medianamente dedicado consegue fazer nem que seja um exemplo muito simples do que poderia vir a ser um game de verdade. Eu mesmo já fiz um, mas parei por aí. É verdade que os grandes jogos, desses que talvez você tenha na prateleira, necessitam de diversos profissionais com diferentes especialidades. Antes, porém, era complicado até maturar o conhecimento.
COMO COMEÇAR UMA CARREIRA?
A pergunta de um milhão de dólares! O desenvolvedor de jogos deve ser um programador completo. Caso o objetivo seja trabalhar em empresas gigantes – como Konami, EA Sports, Ubisoft – aquele que dominar determinados pontos talvez sobressaia-se. No Brasil, entretanto, com empresas médias ou pequenas, ou até empresas de um homem só, o profissional deve ser versado em design e programação e até na concepção do roteiro e narrativa do jogo. Um game sem história é vazio e praticamente nada.

Pré-requisito número um e indispensável é saber inglês. Os tutoriais e o mercado falam essa língua. 
Japonês Também seria bom (vide a japonesa Konami).

As linguagens a serem dominadas são: C, C++ e Java. Lua também pode ser uma boa opção. A linguagem é brasileira, inclusive. Muitas empresas a utilizam por ser uma linguagem extremamente rápida e com a qual muitas instâncias podem ser abertas independentes das anteriores. Sua utilização é geralmente na confecção dos menus, principalmente dos jogos muito grandes, como os MMORPGs, que sempre trazem uma gama quase infinita de menus. World of Warcraft é um exemplo de jogo em que ela aparece aliada a outras linguagens. Na PUC-Rio existem grupos e cursos sobre Lua. Com o crescimento da TV Digital no Brasil, o domínio dessa linguagem pode ser um trunfo excelente, pois junto com Java e o NCL, o desenvolvimento para o Ginga (nosso padrão), é com Lua. Já imaginou fazer jogos interativos para a TV?
Caso seja estudante, entre em um grupo de estudos do assunto na sua faculdade. Caso o grupo não exista, crie! Chame os colegas, cative-os e garimpe os talentos. Com o grupo mais maduro, tente criar um game. Quem sabe um puzzle para o Android, vide o custo-benefício. Fica a dica. Com isso, você acaba sendo o diferencial no curso, no mercado, além de já encaminhar seu trabalho de conclusão e, quem sabe, até uma empresa brasileira de desenvolvimento de jogos estaria sendo iniciada.
Alie-se aos diferentes tipos de profissionais. Nesse grupo citado no parágrafo anterior, envolva aquele que tem mais talento com computação gráfica, aquele programador sagaz, o que domina a escrita e até um que saiba falar e vender as ideias. É difícil, mas são esses perfis que um jogo precisa. Analisar o mercado também é fundamental, lembre-se disso.
Fora tudo isso, dominar 3D (OpenGL, por exemplo) e sprites é fundamental. Talvez a base de tudo, dependendo do tipo de jogo que deseja-se criar.


Finalmente, jogue. Jogue muito! Leia muito para desenvolver técnicas de roteiro. Veja um filme e tente enxergá-lo de maneira que interação apresentada seja mais profunda. Estude o mercado, entenda-o. Consuma títulos e tipos de histórias diferentes. Além, lógico, de ter sempre o prazer pelo que está sendo feito. Receita de sucesso batida, mas válida demais para esse assunto.
VALE A PENA?
Em outra oportunidade trarei entrevista de programadores da área que já tenham jogos publicados ou que trabalharam com isso em algum momento de sua carreira. São profissionais bem sucedidos, diga-se de passagem.
Desenvolver jogos imerso na realidade brasileira não deve ser nada fácil. O mercado criador ainda está acordando, diria que acabou de sentar na cama e os olhos ainda estão entre-abertos. Uns enxergam isso como empecilho, outros como uma grade oportunidade. E você?

popularização dos smartphones criou um forte submercado para os desenvolvedores. O jogoAngry Birds, por exemplo, foi desenvolvido por não mais do que dez pessoas e virou febre mundial dentre os usuários de iPhone e, mais tarde, Android – hoje, até versão desktop e web o jogo já tem. Ouso afirmar que este já é um dos jogos mais populares dessa nascente década. Um jogo simples que aposta na repetição, na fácil conquista e na beleza para cativar o jogador.